terça-feira, 19 de abril de 2011

CLARA - Esperança




O dia ficou triste em 02 de abril de 1983. Perdíamos uma das mais ilustres cantoras, que deu voz a valorização e resistência da cultura afro-brasileira.


Ainda em tempo, deixo registrada uma singela homenagem à essa eterna Guerreira Mineira, que se chama Clara Francisca Gonçalves .


A foto acima é a capa do disco cujo título é ESPERANÇA, DE 1979.


Eis aqui a mensagem de Clara, no verso do disco:


"Geralmente meus discos anteriores são batizados com o nome de uma música do próprio disco. Nesse porém, com as muitas fotos que fiz para escolha da capa, esta me causou especial emoçao e fez brilhar na minha cabeça esta palavara, esperança. Era uma tarde de terça-feira, três de julho, no morro da Saúde, Rio de Janeiro. Os olhinhos inocentes e mãos firmes dessas crianças me mostrando a nossa resitência futura. Através deles a esperança renascendo de novo e permanecendo viva diante de nós. Esperança num prosseguimento de luta. Na verdade, que emana do sofrimento, da pobreza, da arte da gente dessa minha terra. Talvez um deles seja um líder do povo, um homem da caridade, um libertador, um mártir talvez, talvez um músico.


Nisso, a minha fé, as minhas rezas, os meus amuletos e essa minha persistente esperança." Clara Nunes


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

SONHO DE UM CARNAVAL

O título é uma música de Chico Buarque, bem adequado a época, o assunto hoje é carnaval. E claro é um sonho mas, quem sabe um dia, o Chico não divida o palo comigo...ai ai!!! Um dos mais ilistres músicos da música brasileira...sou fâzona!! Afinal, sonhar nao custa nada...ainda, rsrs!
Brincadeiras a parte, voltemos...acredito que o carnaval seja uma das festas mais desejadas do ano, aonde a alegria invade a vida e é esbanjada de forma exagerada.
Há aqueles que saem do recinto na sexta, retornando somente na quarta-feira de cinzas, com a cara mais lavada do mundo...
Felicidades, sorrisos, simpatia são itens que facilmente encontraremos nos foliões e infelizmente haverão aqueles que preferirão estragar a nossa animação, mas aqui não haverá espaço para eles.
Enfim, chegarão os dias para as fantasias saírem dos armários ou das nossas consciências e esses são alguns dias em que poderemos externar o que realmente somos ou que de fato gostaríamos de ser. Personagens ou personalidades tomarão conta do nosso corpo e cabe a nós deixar que a essência faça o restante do trabalho.
A extensão da imaginação e da fantasia percorrerá do lado mais simples e inocente passando pelo crítico sócio-político, como também a sensualidade e oerotismo. Afinal de contas o carnaval é a celebração da carne, é a festa profana.!
É isso ai, espero que todos tenham um carnaval maravilhoso e que saibamos viver esse momento de felicidade com critérios e responsabilidades, para celebrar essa festa democrática onde todas as classes e todas as cores fazem parte de um estado comum, a ALEGRIA!!!

E esse ano farei mágica...

Angélica Ventura (Comentários de Uma Simples Mortal)

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ESSA MULHER, Elis


Gaúcha de Porto Alegre, Elis Regina Carvalho Costa, mulher de personalidade forte, disseminou a música brasileira, fazendo ecoar a sua estonteante voz e que infelizmente se calou no auge de sua mocidade, em 19/01/82, com apenas 36 anos de idade.
Passou por alguns estilos musicais como:jazz, bossa-nova e samba.
ESSA MULHER, é uma música de autoria de Joyce e Ana Terra e título do disco da “Pimentinha”, lançado em 1979.
A letra evidencia um pouco do universo feminino, fazendo uma passagem pelas prováveis condições:dona-de-casa, mãe, esposa e da mulher desejada e com desejos. Essa música foi um espelho dela, meu e de todas nós.
Elis é mais uma herança da nossa cultura musical contemporânea. E aqui fica a minha homenagem a ESSA MULHER que muito cantou e encantou.

domingo, 2 de janeiro de 2011

CABELOS


Eu e minha amiga Angélica resolvemos escrever sobre cabelo duro, crespo ou a denominação que você queira dar.

Desde dos primórdios, os cabelos dão trabalho às mulheres, principalmente as mulheres negras. Na minha infância existia o famoso pente quente, que era um artefato meio que medieval para o alizamento dos cabelos crespos, claro, nós crianças vivíamos com medo de sermos queimadas com o pente. Modo de utilizar era meio bizarro; lá em casa a minha avó colocava o feijão no fogo e usava aquela boca para esquentar o pente, você esquentava e passava. Esse método é o tataravô da nossa famosa prancha. Fora esse instrumento, existia o Marcel, que tinha o mesmo procedimento, só que esse tinha a finalidade de fazer cachos nos cabelos e deixar as crianças com aquelas caras de boneca dos anos 80, hoje esse mesmo instrumento é conhecido como baby lise.

Nos anos 80, não existia alisantes, para se ter o cabelo lindo e sedoso era preciso passar o famoso hene. Depois do hene teve a “revolução” da pasta, que queimava o coro cabeludo feito o inferno, mas alisava o cabelo com mais eficiência que o hene.

Em 90, houve o boom dos permanentes afros que deixavam os cabelos cacheados, mais parecidos com o crespo “original”, só se for o crespo americano, pois os cabelos das negras brasileiras não eram cacheados nem aqui nem na China.

E a guanidina e outros métodos de alisamento, mas que infelizmente ainda deixam os cabelos fracos, opacos e quebradiços; e nós somos obrigados a gastar mundos de dinheiro para deixarmos nossos cabelos lindos.

Para falar a verdade, mesmo com o medo de me queimar eu ainda sinto falta do pente quente, acho que naquela época era mais fácil cuidar dos cabelos. A evolução tecnológica só nos fez gastar mais dinheiro, mas sem nenhum resultado efetivo.

Como diz uma amiga minha do trabalho, só vou acreditar em evolução tecnológica para cabelos crespos, quando inventarem uma pílula que elas nasçam lisos.

Fabiana Cristina

O que você tem na cabeça

“Nega do cabelo duro

Qual é o pente que penteia?

Teu cabelo está na moda

E o seu corpo bamboleia,

Minha nega, meu amor

Qual é o pente que te penteia?” Música de Rubens Soares e David Nasser

Compridos, curtos, carecas, pretos, loiros, ruivos, castanhos, lisos, ondulados, cacheados e crespos. Esses são alguns dos tipos de cabelos, que visualizamos ao nosso redor.

Apesar de não ser, alguns até identificam o assunto , como sendo futilidade. Mas cabelo é um tópico muitíssimo delicado, especificadamente , quando são crespos. Ainda , há a impressão, de que os crespos são resistentes e fortes É claro , varia de pessoa para pessoa, mas em sua maioria, são os mais trabalhosos, por serem finos e fracos.

Os anos se passaram e os métodos utilizados, para malear a fera também.

Henê , pasta, alisamentos, permanentes, escovas de todos os tipos ( e essências ) , sem dizer o queridinho de nós mulheres, que gostamos , mas não temos, então porque não adquirir, o famoso mega-hair?!.Mas é óbvio que, até chegarmos ao cabelo ideal, sofremos com as quebras, quedas e ressecamentos. E ai, se vão os shampoos, condicionadores, cremes, hidratação, produtos dermatológicos, pílulas e comprimidos vitaminados. Sem contar, as receitinhas caseiras do tempo de nossas avós.

Lembro-me de um fato, curioso, ao saber que era recomendado , passar coca-cola na cabeça, para retirar os resíduos do chumbo ...

Resumindo, quer queira , quer não, eu e minha amiga Fabiana, chegamos a conclusão, que apesar de todos sofrimentos sofridos, com as constantes queimas na cabeça e orelhas, o velho e fogoso PENTE QUENTE, realmente era uma solução , pois além de deixar o cabelo, volumoso e bonito, ele não quebrava as nossas madeixas e hoje com todos os recursos, infelizmente ainda sofremos com algum deslize e então o que nos resta é cortar os cabelos e esperar crescer.

Que vida difícil, a nossa!!! Né , nêga????

-E tudo isso para ficarmos , mais bonitas que nós somos!!

Maria Angelica

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

A valorização da História e cultura afro-brasileira por Luiz Carlos da Vila

Esta é a introdução de um trabalho monográfico ,por mim desenvolvido, para a conclusão do curso de pós - graduação em História da África e do negro no Brasil , na Universidade Cândido Mendes em 2009.
Através desta pesquisa homenageio na semana da CONSCIÊNCIA NEGRA, uma pessoa muito especial para mim e que atarvés da música fez História e que viso dar continuidade ao seu trabalho...dando a minha voz para perpetuar na memória. Valeu Zumbi!!!
Salve Luiz Carlos da Vila!!!!
A valorização da História e cultura afro-brasileira por Luiz Carlos da Vila


Introdução

A valorização da História e cultura afro-brasileira por Luiz Carlos da Vila no CD Raças Brasil em 1995 no Rio de Janeiro é o título deste trabalho de conclusão do curso de pós-graduação em História da África e do negro do Brasil.
Encontraremos a música popular brasileira, especificadamente o samba, como fonte principal. Buscaremos como fonte inspiradora alguns sambas do já saudoso Luiz Carlos da Vila e analisaremos através de suas letras a sua visão da História e a cultura afro-brasileira.
A música será a nossa fonte de linguagem e aprendizagem e faremos dela o nosso elo com a oralidade africana.Segundo Hampâte Ba, autor africano “a tradição oral é a grande escola da vida”, a oralidade é transmitida dos mais velhos, os sábios para os jovens. Como os mais velhos têm uma maior sabedoria em relação a vida, fazem nascer nos mais novos o aguçamento da aprendizagem e dos segredos da vida[1].
A relevância deste trabalho encontra-se na exaltação que o cantor e compositor Luiz Carlos da Vila demonstra na nossa história e cultura. Os elementos principais do contexto em seus sambas que procuro evidenciar são : a presença africana, a cultura e a história do Brasil e a herança afro-brasileira.
Nós brasileiros somos descendentes diretos dos habitantes mais sofridos no mundo , os africanos. Foram arrancados de sua terra natal para serem escravizados e trazidos para o Brasil – Colônia no século XVI. Estes foram alvos dos interesses econômicos europeus que por sua vez acabaram culminando na transformação da cultura africana. A África, como sabemos é um continente mas não é uma unidade, é absolutamente heterogêneo, pois esta dividida em várias etnias, costumes, línguas , religiões, culturas diversas. E por sua vez, a vinda à força para as Américas afetou profundamente seus costumes.Ao longo dos anos os africanos e seus descendentes e os mestiços para se adequarem ao sistema foram se readaptando. Foram períodos de vastas lutas tanto internas (consigo próprios), como externas, à procura da conquista da liberdade. E finalmente em 1888, através de incontáveis formas de manifestação em prol da liberdade, conquistaram definitivamente seus objetivos . Porém, o que veio adiante da Lei Áurea não foi a resposta querida. Humilhações como racismo, falta de oportunidades no mercado de trabalho e na sociedade foram alguns itens que fizeram e fazem ainda parte da história do Brasil.
Luiz Carlos da Vila mostrará em suas letras o negro não como vítima passiva da situação ao qual se encontrava mas como agente da História. Uma história narrada de baixo para cima, valorizando e exaltando a brilhante atuação do negro na sociedade brasileira e o samba sendo nossa principal fonte de pesquisa. O samba será altamente importante e afirmador na construção da sociedade brasileira. De uma certa forma foi e é uma resposta aquela sociedade que desprezava a etnia negra, com conceitos estrategicamente racistas, o samba torna-se o cartão de visitas à estrangeiros e os próprios brasileiros com o passar do tempo assimilaram a importância do samba para a formação da nossa identidade.





[1]O que se encontra por detrás do testemunho, portanto, é o próprio valor do homem que faz o testemunho, o valor da cadeia de transmissão da qual ele faz parte, a fidedignidade das memórias individual e coletiva e o valor atribuído à verdade em uma determinada sociedade. Em suma: a ligação entre o homem e a palavra.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

INDIVÍDUOS CONSTRUÍDOS POR INDIVÍDUOS

A classificação racial no Brasil, não é um tema atual, tendo sido muito enfatizada, através das políticas afirmativas que algumas Instituições de Ensino Superior, adotaram como forma de reparação do passado do negro na sociedade. As dificuldades e barreiras vividas hoje, são um reflexo do seqüestro de oportunidades dos séculos anteriores. No âmbito brasileiro, a discussão se inicia no século XVI, com a chegada dos reinóis em um lugar chamado Pindorama.
Não conhecer e subestimar a cultura do outro, não respeitando seus símbolos e significados , atrelado ao etnocentrismo, foram as bases , para o surgimento do caráter racista que nos ronda até hoje e onde a violência e a intolerância eram e continuam sendo sua marca registrada. Articularam-se mecanismos, focados aos esteriótipos, tentando desta maneira justificar e classificar as espécies humanas, como Carl Linnaeus.
Tais choques culturais, fizeram surgir a associação, do diferente ao exotismo. Admiração e repulsa caminhavam paralelamente e a estética era um ponto de suma importância , ao qual “os outros” não se encaixavam e assim o europeu moldou e manipulou os conceitos e suas reformulações , principalmente no século XIX, através de ideologias cientificistas .
Definindo raça , como um fator biológico , utilizaram métodos como criminologia, frenologia, eugenia, que foram os pilares para a sustentação de uma ideologia baseada, na classificação de seres superiores e inferiores, dominados e dominantes.
Com a Belle Epóque no Brasil, iniciada em fins do século XIX até os anos 20, do século seguinte , ocorria um desejo de modernização da sociedade brasileira e tendo como resultado a valorização da cultura européia, tentava-se construir uma Paris-Brasiliense mas para a sua concretização, havia a necessidade de modificar o povo que aqui habitava, era preciso EMBRANQUECER, daí nasceu a idéia de prezar a mestiçagem.
Dessa forma, tentava-se camuflar, o racismo existente e tal idéia foi reforçada com Gilberto Freyre em Casa Grande & Senzala, onde é demonstrada a ascensão social do mestiço na sociedade brasileira.
Vimos que a construção da sociedade, foi edificada através de rótulos , produzidos por indivíduos, que movidos por um interesse, se prevaleceram de determinadas questões , principalmente nas definições ligadas a “superioridade e inferioridade”, tendo o negro a sua identidade, associada de forma negativa e sua existência diminuída ao ponto de ser definida como uma “raça subserviente”.

E VOCÊ SE RESPEITA?

Lembro-me na infância, ao folhear o livro de Ciências, cujo o tema era o Ciclo da Vida que é:
NASCER VIVER MORRER

Como o velho e o bom ditado diz: Para morrer basta estar vivo. Não existindo uma receita mágica, para se viver bem, o melhor é tentar viver da melhor forma possível.
Há aqueles que prezam, pelo bom caratismo, já outros nem tanto, a moral está presente mas nem todos seguem as regras. Na realidade cada um estabelece a sua. Vivemos em uma sociedade que parece, estar perdendo os valores , principalmente no que diz respeito ao RESPEITO.
É óbvio, que os tempos são outros e os indivíduos têm de tentar caminhar paralelo as transições de tal sociedade, porém alguns não conseguem e preferem viver na nostalgia. O fato é que não estou a julgar, cada um que se comprometa com a sua consciência.
A ética nos estabelece normas de comportamento mas seguida as transformações das épocas , esses comportamentos acabaram em um processo transitório também...
Acho tal efeito cabível mas aonde foi parar o respeito?
Pedir licença, agradecer, mencionar o por favor, cumprimentar os demais em um ambiente fechado faz parte da educação familiar, porém por modificações, alguns pais anunciam que esta obrigatoriedade, deve fazer parte do ensino escolar.
Mas o que esperar de uma sociedade banalizada? – Lemos jornais, assistimos noticiários, ficamos indignados , exaltamos a nossa raiva e posteriormente , tudo volta ao normal.
Não convém aqui, enumerar as atrocidades relatadas nos meios de comunicação, sabemos décor. Enfim observo que prosseguidamente, os indivíduos fazem com que o respeito, se afaste de forma gradativa de seu cotidiano, pois em uma sociedade capitalista e consumista, uma parcela significativa, vêm valorizando o mundo monetário, esquecendo dos princípios para a formação de uma verdadeira nação e infelizmente , pior do que não respeitar o outro é não respeitar a si mesmo